Excelentíssimo Sr. Ronaldo Rivelino Venâncio, Prefeito de São Bento do Sapucaí. Com cópia para os senhores edis.
“Se uma Nação não rende homenagens aos seus filhos ilustres, que contribuíram para sua grandeza, perde, pouco a pouco, nas gerações desmemoriadas pelo utilitarismo e pelo egoísmo, a consciência do que representa e da sua própria destinação histórica” – PLÍNIO SALGADO.
“Brasileiros! Um dia a História vai nos julgar. Eu estou tranquilo com a minha consciência porque tenho cumprido o meu dever. Vim ao mundo para assistir a este quadro do meu Brasil, e não fiquei indiferente. Tomei o partido da Pátria e de Deus. Estou tranquilo.” – PLÍNIO SALGADO.
Foi com profunda consternação e revolta que recebemos, pelo texto Sem memória, de Leandro Mazzini, publicado em sua Coluna Esplanada, no jornal O Dia, de Brasília, em 31 de julho do corrente ano, a lamentável notícia de que, “em duas canetadas”, o Sr. Prefeito do Município de São Bento do Sapucaí, Ronaldo Rivelino Venâncio, excluiu o nome de Plínio Salgado de uma praça e extinguiu a semana cultural em homenagem ao assinalado escritor, jornalista, doutrinador e líder político patrício. Nas palavras de Mazzini: “outra peça surreal do Brasil sem memória: há um ano moradores da pacata São Bento do Sapucaí (SP) veem o malfeito público com o saudoso filho mais ilustre”.
Com efeito, a sanção das leis 1972/2018 e 1984/2018, que retiraram as justíssimas homenagens ao mais insigne dos filhos da tradicional e bucólica cidade serrana de São Bento do Sapucaí, causou a nós, assim como a todos os conhecedores da vida e da obra do tão grande quanto injustiçado escritor, pensador e líder político sambentista e brasileiro, a mais funda indignação. Coincidentemente, a notícia de que o nome de Plínio Salgado foi retirado de uma praça de seu burgo natal e de que foi extinta a Semana Plínio Salgado chegou-nos no mesmo mês do falecimento do magno poeta, jornalista e escritor Paulo Bomfim, nobre cantor da Terra Bandeirante e de suas mais lídimas tradições, graças a cuja vigorosa campanha na imprensa não foi retirado, durante a administração da Prefeita Erundina, o nome de Plínio Salgado de uma escola municipal paulistana. Plínio Salgado, “esse injustiçado”, no dizer de Pedro Paulo Filho, inspirado poeta e grande historiador e memorialista dos Campos do Jordão, acaba de sofrer mais uma injustiça, assim como todo o povo de sua cidade natal, da Mantiqueira, da Terra Paulista e do nosso Brasil, por esse ato inconsequente de pessoas que pensam que podem apagar, com duas canetadas, a Memória, a História e a Tradição Pátria. Por falar em Campos do Jordão, cumpre assinalar que esta bela estância climática montanhesa, que foi um dia um distrito de São Bento do Sapucaí, tem sido muito mais justa que a cidade-mãe (São Bento do Sapucaí) com a memória de seus filhos ilustres, assim como com a memória dos filhos ilustres de outras urbes que nela residiram ou que a frequentaram, incluindo, é claro, Plínio Salgado, patrono, aliás, da cadeira 17 da Academia de Letras de Campos do Jordão.
Como bem fez ressaltar o ínclito Dr. Paulo Fernando Costa, diretor da Casa de Plínio Salgado e conselheiro da Frente Integralista Brasileira (FIB), os projetos de lei sancionados pelo Prefeito de São Bento do Sapucaí demonstram o total desconhecimento da monumental, catedralesca carreira literária, jornalística e política do autor de “O estrangeiro” e da “Vida de Jesus” (Plínio Salgado). Foram tais projetos, ademais, escritos por pessoas que inegavelmente têm medo de Plínio Salgado e, portanto, deveriam ler o excelente artigo Quem tem medo de Plínio Salgado?, de autoria do grande poeta, escritor e ensaísta cearense e brasileiro Gerardo Mello Mourão e estampado na “Folha de S. Paulo” aos 3 de maio de 1995, ano do centenário de nascimento do autor de “Primeiro, Cristo!” e de “A voz do Oeste” (Plínio Salgado). Seguem, com efeito, alguns trechos do aludido artigo:
“Hélio Jaguaribe, que teve sempre a coragem e a lucidez de tocar a pele viva de todas as zonas da realidade brasileira, dizia, em seu trabalho `’Ideias para a Filosofia no Brasil’, que ‘depois do integralismo seguiu-se o silêncio dos que são incapazes de emprestar um sentido geral e historicamente atualizado a suas aspirações de poder’. Esse silêncio tenta estender sua cortina de chumbo e de cultivada estupidez não só sobre a obra política, mas também sobre a obra literária de Plínio Salgado. (...) Afinal, quem tem medo de Plínio Salgado? Jornalista militante, era redator do ‘Correio Paulistano’, de onde partiu para a literatura e para a política. Os desmemoriados se esquecem de que Plínio foi um dos protagonistas da Semana de Arte Moderna, cujos participantes, segundo lembra, ‘apontaram novos caminhos, libertações integrais, nacionalismo espontâneo’. (...) Foi deputado estadual, com estrondosa votação, acompanhando Júlio Prestes. Em 1926, publica o primeiro romance, ‘O Estrangeiro’. O romance trouxe um ‘frisson nouveau’ às letras do país. Mário de Andrade o saudou como a obra mais importante de sua geração. Cassiano Ricardo disse do autor: ‘É um Alencar corrigido por um Machado’. Para Tristão de Athayde, era ‘o romance mais dramático de nosso tempo’. Foi o primeiro livro de uma tetralogia, em que a genealogia das inquietações de São Paulo e do Brasil passou, com `O Esperado’, `O Cavaleiro de Itararé’ e ’A Voz do Oeste’, pelo proletariado do Brás, pelos últimos barões do café, pelo contraponto dos imigrantes italianos, pelos anarquistas românticos e os marxistas geométricos, como lembrou seu sucessor na Academia Paulista [Luiz Carlos Lisboa]. Os heróis de Plínio, um apaixonado pela poesia de Eliot e de Auden, transitam do tempo dos bandeirantes ao dos bacharéis do antigo PRP e ao tempo futuro que fermentava nas esperanças de uma geração de fronteiras. Plínio Salgado foi o profeta da geração de fronteiras a que pertencemos todos os que vieram do mundo criado entre a Primeira Guerra Mundial, entre o fascismo e o comunismo, até o crepúsculo wagneriano da Segunda Guerra. (...) Além de seus romances, deixou obras fundamentais, como ‘A Quarta Humanidade’, ‘Psicologia da Revolução’ e a monumental ‘Vida de Jesus’. Em toda a sua obra, o que ele tenta pronunciar é a palavra brasileira. (...) Nem no nazismo nem no fascismo. O entendimento do Brasil, da reengenharia do país e de sua sociedade, ele o fundava em Euclides da Cunha, a quem Cassiano e Menotti del Picchia o comparavam, em Oliveira Viana, em Pandiá Calógeras, em Alberto Torres. Buscava na doutrina social da Igreja e na obra de Farias Brito a inspiração social e espiritual de seu pensamento.”
“Cavaleiro do Brasil Integral”, na expressão de Ribeiro Couto, e “mais eloquente intérprete da Brasilidade”, nos dizeres de Hipólito Raposo, Plínio Salgado foi e é, conforme escreveu Francisco Elías de Tejada, “um descobridor bandeirante das essências de sua pátria”, autor de uma obra que “aparece majestática precisamente pelo que tem de coerente, pela lógica interna que anima o seu sistema, pela magnitude do pensamento que sabe elaborar uma teoria da Tradição brasileira com traços de granítico castelo” e que está “destinado a suscitar adesões para quem queira em tempos vindouros conhecer a substância do Brasil”.
Maior escritor em prosa do chamado Modernismo Brasileiro da década de 1920 e do alvorecer da década de 1930 e autor da magnífica Vida de Jesus, que é, sem sombra de dúvida, a “joia de uma literatura”, como bem escreveu o Padre Leonel Franca, Plínio Salgado inscreveu seu nome em letras de ouro na História Literária e Cultural do nosso Brasil.
Criador e condutor do maior movimento cívico-político e cultural da História desta Imperial Nação, que constituiu, no dizer de Gerardo Mello Mourão, o “mais fascinante grupo da inteligência do País”, e um dos poucos políticos brasileiros do século XX que, nas palavras de Alceu Amoroso Lima, efetivamente fizeram “Política com P grande", inscreveu Plínio Salgado também seu nome, igualmente em letras de ouro, na História Política da nossa Terra de Santa Cruz.
Havendo inscrito o nome em letras de ouro na História Literária, Cultural e Política deste grande Império do Pretérito e do Porvir, esse bandeirante do Brasil Profundo que foi e é Plínio Salgado inscreveu, em uma palavra, o seu nome, em letras de ouro, na História Pátria.
Por fim mas não menos importante, como autêntico descobridor bandeirante das essências da Terra de Vera Cruz, inscreveu o autor de “Geografia sentimental” e “Espírito da burguesia” (Plínio Salgado), do mesmo modo, o seu nome, em letras do mais puro e reluzente ouro, na Tradição deste nosso vasto Império.
Vulto, portanto, dos mais eminentes da nossa História e da nossa Tradição, jamais terá Plínio Salgado o seu nome delas apagado, independentemente do que fizerem os políticos de sua terra natal e todos aqueles que dele têm medo por não conhecê-lo.
Com efeito, como escreveu Juscelino Kubitschek de Oliveira em carta a D. Carmela Patti Salgado, viúva do escritor e homem público sambentista pouco depois do falecimento deste, “...O Brasil perde com a morte de Plinio Salgado um de seus nomes mais ilustres, aquele que representa na vida do país uma página admiravelmente gloriosa. Romancista, sociólogo, pensador, parlamentar, homem de ação política, dele partiu a primeira voz que, de costas voltadas para o mar, anteviu a necessidade da integração nacional, indicando às gerações moças as veredas dos Bandeirantes, rumando para o Oeste. Seu valor literário lhe concede a autêntica palma da imortalidade e sua “Vida de Jesus” o inscreve entre as maiores expressões da cristologia. Sinceramente convencido das transformações políticas, defendeu suas ideias bravamente, vindo posteriormente a tornar-se um evangelizador que levou a todos os cantos da pátria uma mensagem de civismo. Guardo de Plinio Salgado uma recordação indelével e tenho certeza de que sua memória jamais se misturará à poeira dos anos porque ele deixa uma obra consistente e definitiva. Rogo-lhe receber toda a imensa expressão de minha mágoa e creia que Sarah e eu estamos solidários neste doloroso transe. Resta-nos o consolo da certeza de que o seu nome vai perpetuar-se como um símbolo iluminando o futuro.”
Quer queiram, quer não, o Sr. Burgomestre e os srs. edis de São Bento do Sapucaí, o ilustríssimo nome de Plínio Salgado se perpetuará como um símbolo alumiando o Futuro do nosso Brasil.
Encerramos estas mal traçadas linhas salientando que esperamos que um dia aqueles que se ufanam do nome de representantes do povo de São Bento façam justiça ao nome do mais importante dos filhos desse tradicional e tranquilo burgo da Mantiqueira Paulista.
Victor Emanuel Vilela Barbuy
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira, Presidente da Associação Brasileira de Cultura e 1º Vice-Presidente e Presidente em exercício da Casa de Plínio Salgado.
São Paulo, 7 de agosto de 2019.
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